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15/05/2023 16:11:56 - Mulher em tratamento oncológico dá a luz a trigêmeos em sua  terceira gestação múltipla

Uma paciente do CTO da Santa Casa de Araçatuba, que ficou grávida durante o tratamento de um câncer de mama, deu  a luz a trigêmeos, uma menina e dois meninos, na última sexta-feira.

Os bebês nasceram em parto cesáreo realizado pela equipe do Centro Obstétrico da Santa Casa de Araçatuba. Derriane, a menina, nasceu às 9h42 com 1,96 kg.  Miguel, o segundo bebê, nasceu dois minutos depois com 2,55 kg. Por último, às 9h45, nasceu Benicio, com 2,26 kg.

Após o nascimento, os trigêmeos foram internados na UTI Neonatal. Na manhã desta segunda-feira (15/5) Derriane e Benício receberam alta dos cuidados intensivos e permanecem agora na Unidade de cuidados Intermediária Convencional (UIcinco). Miguel, segue internado na UTI Neonatal em quadro clínico estável.

A gravidez ocorrida após Jaqueline Monteiro Alves, 30 anos, ter concluído os ciclos de quimioterapia e praticamente às vésperas de realizar uma cirurgia para retirada da mama direita acometida pelo câncer descoberto em novembro de 2021, foi a primeira de trigêmeos, mas não foi a única gestão múltipla de sua vida.

Ela e o marido Sebastião Benedito dos Santos, 53 anos são pais de mais quatro filhos que nasceram em das gestações: Lara Andressa e Lana Nicole, que agora têm 10 anos e estão no quinto ano do Ensino Fundamental e Laio Nicolas e Juan Ítalo, com 5 anos e estudante do Ensino Infantil.

O casal mora no Bairro Laranjeiras, em Castilho, numa casa cedida por um conhecido. Sebastião é pedreiro e Jaqueline trabalhava como agente de limpeza pública da Prefeitura Municipal. Após ser afastada em decorrência do câncer, Jaqueline recebe auxilio previdenciário.

A casa onde o casal mora possui dois quartos. Embora tenham recebido doações de fraldas, roupinhas e leite em pó, os trigêmeos não terão um quarto e moveis específicos quando receberem alta.

Com a experiência de quem já teve gêmeos em duas ocasiões, Jaqueline estima que os trigêmeos precisarão de no mínimo 600 fraldas por mês.  

Vão precisar de muito leite em pó também, já que em decorrência do câncer na mama, ela não poderá, como gostaria e fez das outras vezes, amamentar os bebês.  E aja leite em pó. Derriane, por exemplo, já está tomando 60 ml de mamadeira a cada três horas.

Mesmo admitindo que precisará ajustar as situações, Jaqueline diz que “não vejo a hora de levar meus bebês para casa”.  Ela considera que ter ficado gravida naturalmente num momento em que a morte “era uma expectativa não irreal em tudo o que estava vivendo”, foi um milagre de Deus em sua vida.

A mãe dos trigêmeos relembrou que durante a gestação o câncer apresentou complicações. “ A mama ficou muito inflamada  e precisei voltar a fazer quimio”. Nesta fase, foram necessários algumas sessões de quimioterapia branca.

“Muitas vezes, quando eu estava na cadeira do CTO tomando a quimioterapia eu pensava: quando tudo isso terminar, eu nunca mais quero ver esse hospital na minha frente. E olha eu aqui dentro, com coração imensamente feliz pelo nascimento dos meus filhos. O que era sinônimo de morte, agora representa muitas vidas para mim”.

Após o período de recuperação deste parto, Jaqueline deverá voltar ao CTO para agendamento da cirurgia para retirada da mama.

Caso atípico

O oncologista clínico Fábio Veloso Alexandrino, que acompanha a paciente Jaqueline Monteiro Alves, explica que durante e nos pós quimioterapia, ocorre diminuição hormonal que pode ocasionar infertilidade. Mesmo assim, as pacientes em tratamento são orientadas a não engravidar durante quimioterapias. “Os quimioterápicos são drogas que podem ocasionar malformações fetais”, afirma.

No entanto, de acordo com Alexandrino, que coordena o Centro de Tratamento Oncológico, “os quimioterápicos utilizados nos tratamentos de câncer de mama são seguros após o primeiro trimestre de gestação”.  De acordo com Jaqueline, sua gravidez ocorreu logo após completar os ciclos de quimioterapia.

“No caso dela deu tudo certo, o tratamento não alterou a fertilidade e os bebês nasceram bem. Mas é um caso atípico”, reconheceu o médico ao citar a ocorrência de gestação de trigêmeos, “numa paciente já com histórico de duas gravidezes gemelar”.

O oncologista informou que não é incomum no CTO casos de pacientes que estão grávidas e descobrem câncer durante a gestação. “Nesse momento, inclusive temos duas pacientes nessa condição”. Essas pacientes já ultrapassaram os períodos em que a quimioterapia não é indicada e realizam os tratamentos normalmente.

 

 


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